A maior parte da diversidade biológica da Terra não é visível. Sem esta diversidade invisível, a vida, tal como a conhecemos, não existiria, já que os microrganismos foram os responsáveis por todas as reacções biogeoquímicas (que actualmente se mantêm) que permitiram o aparecimento da vida macroscópica no nosso planeta. Apesar de actualmente reconhecermos a importância do microbioma humano para a nossa saúde, ainda pouco conhecemos sobre o papel essencial dos microrganismos no funcionamento dos ecossistemas. No entanto, qualquer que sejam os ecossistemas abordados, encontra-se sempre uma multidão de microrganismos.

No oceano, com mais de um milhão de células microbianas por mililitro de água, não é excepção. Conhecer que microrganismos habitam neste ecossistema e quais os factores que determinam a sua distribuição nas diferentes áreas e a diferentes profundidades é crucial para compreender como se adapta o oceano às alterações que se avizinham em resultado do aquecimento global. O Mediterrâneo é uma das regiões mais vulneráveis às alterações climáticas e, no entanto, até agora nunca se explorou a diversidade das comunidades microbianas na sua totalidade.

Este estudo constitui a primeira descrição da biodiversidade dos procariotas (bactérias e árqueas) em todo o mar Mediterrâneo e águas adjacentes do Atlântico. Identificámos mais de 12.000 espécies e estudámos a sua distribuição de este a oeste desde a superfície até ao fundo. Observámos uma diminuição no número de espécies ao longo do gradiente este - oeste, já que o Mediterrâneo Oriental, é muito pobre em nutrientes. O trabalho revela que existe uma forte segregação espacial (por regiões) das comunidades microbianas, especialmente à superfície e abaixo dos 1.000 metros de profundidade, mas não nas zonas intermédias. Cremos que este padrão se deve, por um lado, a diferenças ambientais nas águas superficiais e no isolamento das massas de água profundas devido ao estreito da Sicília e de Gibraltar, que actuam como barreiras físicas que impedem a mistura de água em profundidade. Pelo contrário, as comunidades das zonas intermédias parecem estar ligadas através da Água Intermédia Levantina, uma massa de água que se forma na zona oriental e se desloca até ao oeste, saindo do mar Mediterrâneo através do estreito de Gibraltar.

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Marta Sebastián, Eva Ortega-Retuerta, Laura Gómez-Consarnau, Marina Zamanillo, Marta Álvarez, Javier Arístegui, Josep M. Gasol. Environmental gradients and physical barriers drive the basin-wide spatial structuring of Mediterranean Sea and adjacent eastern Atlantic Ocean prokaryotic communities. Limnology and Oceanography 2021, https://doi.org/10.1002/lno.11944

Texto escrito por Marta Sebastián e editado por Clara Ruiz e Félix Picazo