Salinação da água doce: um plano de investigação para un mundo mais salgado
Por David Cunillera-Montcusí e colaborador@s

Apesar das múltiplas evidências dos efeitos dramáticos da salinação, o conhecimento actual é insuficiente para prever as consequências ao nível dos ecosistemas de água doce. Com o objectivo de minimizar esta falha, este estudo, que envolveu cientistas de 10 países distintos, uniu esforços para identificar as necessidades de investigaçãomais urgentes. Após a revisão de centenas de artigos publicados nos últimos cinco anos, os autores demonstraramuma cobertura geográfica desigual do conhecimento actual, maioritariamente centrado na América do Norte eEuropa, e identificaram amplas regiões menos estudadas como África ou América do Sul, onde a salinidade está a aumentar. A maior parte dos estudos actuais descuidam também os pequenos habitats de água doce, como as represas, que são muito importantes para a biodiversidade regional. O estudo destaca também a falta de informaçãosobre os efeitos dos diferentes tipos de sais, as consequências da salinidade à escala regional e da paisagem, e oimpacto em processos a nível do ecossistema, como as emissões de gases com efeito de estufa ou a eliminação de nutrientes. Finalmente, observa-se que a maioria dos estudos se centram nos invertebrados aquáticos, enquanto que o efeito da salinidade nos microorganismos e no topo da pirâmide alimentar aquática, como os peixes, répteis e anfíbios, é mais desconhecido. Por isso, as investigações futuras deveriam centrar-se nestas questões se se quiser compreender, ou prever, as consequências de um mundo mais salgado.
Leia o estudo completo aqui:
Cunillera-Montcusí, D. et al. Freshwater salinisation: a research agenda for a saltier world. Trends Ecol. Evol. 37, 440–453 (2022).
Texto escrito por David Cunillera-Montcusí e editado por Clara Ruiz e Félix Picazo